terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"Despertar" de Ricardo de Sousa, Diogo Gil e Luís Candeias

Um trabalho que me dá uma satisfação muito especial.
E me dá muito orgulho.
Tenho o privilégio de conhecer algum do magma humano de onde saiu esta forma sublimada.

domingo, 2 de janeiro de 2011

A saga dos “TODOS ENCOSTADOS À PAREDE, JÁ!...” - capítulo 6/6

CAPÍTULO 6/6

Fechar a saga como se abriu: com uma infração... Isto é mesmo viciante!...

Esta saga está a chegar ao fim.
Pelo menos estamos à porta do fim. Literalmente, da porta de entrada para a pousada; metaforicamente de saída da saga. Pois nesta altura (voltamos ao literalmente falando) - eram desoras!... aquilo já não era noite e a gente não queria reconhecer que já se adivinhava o dia!... Mais uma vez, houve um  proativo (nesta altura não se usava este termo técnico, e muito menos sem o tradicional cê antes do tê; nesta altura, na melhor das hipóteses, alunos assim eram mais "auto-mobilizados") par de alunos que se prontificou imediatamente para encontrar a solução.
Não me lembro quem fez a prospeção local, de urgência, àquela hora; não me lembro quem teve a ideia, não me lembro dos pormenores que me apresentaram numa brevíssima conferência pós-prospeção. Era tarde e eu queria ver aquela malta toda nos quartos, e esperava que aproveitassem para descansar. Descansar a sério!... Mas duvido que o tenham feito...
Muito bem, a ideia era a seguinte:
Havia uma janela no primeiro andar que estava aberta, havia logo ali um muro que era um bom ponto de apoio para entrar por aquela janela; só havia que fazer uma torre humana para alcandorar um pequeno herói que passasse por aquela janela e descesse ao rés-do-chão para abrir a porta ao grupo todo.
Minha nossa!... Outra infração!... Outro crime!... Sim, senhor!... Que noite inesquecível!...
Bem, perdida a “honra” por cem, perdida a “honra” por mil. Muito bem, quem vai?...
Não me lembro já quem foi, tenho uma memória razoavelmente de alguém (um rapaz) em cima do muro, que depois entrou pela janela aberta. Lembro-me de alguém vir, finalmente, abrir a porta. Mas não tenho memória do rosto, nem do nome do autor da proeza.
Não sei como foi o resto da noite daquela malta toda. Como já disse, duvido que tivessem ido direitinhos para a cama para dormirem que nem anjos…
Não há, tanto quanto sei, quaisquer fotografias que guardem algum pedaço histórico desta noite… inesquecível!
E pronto, este texto tinha, um dia, de ser parido. Estava "entalado", recalcado (como eu ensino aos meus alunos), pronto a retornar. A partir de agora, deverá ficar completamente sublimado (Sim, meninos, isto é uma espécie de revisão dos conceitos da Psicanálise). Foi-no entre os dias 28 e 29 de Dezembro de 2010. Para que conste. Na Horta, no Faial, pela facebookiana pressão de alguns ex-alunos. Maravilhosos ex-alunos!
E se um dia quiserem voltar a Vila Nova de Cerveira, ao local do(s) crime(s), vamos a isso! Não é o que dizem que os criminosos fazem sempre?

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sábado, 1 de janeiro de 2011

A saga dos “TODOS ENCOSTADOS À PAREDE, JÁ!...” - capítulo 5/6

CAPÍTULO 5/6
As saudades que eu já tinha da minha alegre casinha... Mas... que é isto?... Fechados na rua, como o puto de Alves Redol?...

            O senhor Comandante não quis correr o risco de falar demais. Quis apenas lembrar a lei, a necessidade de ser bem cumprida, para segurança de todos os utentes da via pública. Depois (tudo sempre com poucas palavras e sem sorrisos) deixou clara a tolerância com que decidira dar encerramento àquela situação: não multaria ninguém, mas todos deveriam cumprir escrupulosamente o que ele ia anunciar a seguir.
A sentença:
Regressaríamos a pé a Vila Nova de Cerveira. Pela berma da estrada, dois a dois, pela berma do nosso lado esquerdo, caminhando em sentido contrário ao do trânsito, vendo os veículos mais próximos de nós chegarem-se pela nossa frente.
E repetiu: dois a dois, roupas mais claras do lado de fora, do lado da estrada, para podermos ser melhor vistos pelos senhores condutores.
Determinou ainda o seguinte: poucas falas, nada de brincadeiras, muita atenção aos veículos, Não entrar na estrada para não criar dificuldades aos senhores condutores, passo certo e regular, sempre igual.
Eu já pensava no tempo de regresso à pousada!... Reparem, estávamos num sítio ermo, ainda não era o tempo dos telemóveis…
Veio-me à lembrança uma situação caricata em que estive envolvido com colegas da Faculdade, poucos anos antes, numas célebres férias de Verão na região de Góis, quando fomos apanhados no fogo cruzado da discussão entre um amigo nosso e o seu pai, que disputavam a carrinha com que o rapaz nos tinha levado a uma festa. O rapaz acabou por recusar-se a ir na carrinha com o pai. Nós ficámos condenados a estar solidários com ele. Longe de casa, caminhámos toda a noite, chegámos a casa já com o Sol a nascer. Mas eu ia contentíssimo e aliviadíssimo. O estado de embriaguês do nosso amigo condutor não me deixava nada descansado, já tínhamos, nessa noite, dado muitos trambolhões na traseira de uma carrinha… de caixa fechada. Na serra da Lousã.
Finalmente, a acabar as suas indicações, avisou-nos que tivéssemos cuidado, ele iria estar por perto. E despediu-se de nós sem nunca se sorrir. Não fazia mal, no fundo, foi compreensivo, foi tolerante, mas tinha de fazer o seu papel. Sempre era um caso de trinta cabeças que ele tratava de maneira diferente da única cabeça da semana anterior.
Hoje tenho amizades com jovens oficiais e praças da GNR, capazes de me fazerem dar a vida por qualquer um deles. E acabou por ser na GNR que encontrei um maduro oficial, senhor de uma exemplar pedagogia na abordagem de jovens infratores.
Não me lembro se houve despedidas de apertos de mão; pelo menos, troquei um com o heróico e simpático condutor, agora aliviado daquele momento tão desagradável. Não me esqueci de lhe agradecer a simpatia e pedir-lhe desculpas pelo mau momento que tinha passado por nossa causa. Respondeu-me que tinha gostado de conhecer-nos.
Pronto. Fizemo-nos à estrada, tal como determinado. Em absoluto silêncio. Só aos poucos a conversa foi regressando. É claro que apareceram as piadas, os risos nervosos… Todos nós tínhamos de assimilar o momento verdadeiramente angustiante por que tínhamos acabado de passar.
Caminhámos… horas! Estávamos a levar a sério o aviso do senhor capitão da GNR, quando nos disse que tivéssemos cuidado porque eles estariam por perto. E em boa hora resolvemos ter o cuidado que tivemos!
Na centopeiíca fila que formávamos à beira da estrada, alguns estavam encarregados de vigiar a estrada, não fosse o carro da polícia voltar. O que veio mesmo a acontecer: a certa altura, um dos nossos perscrutadores de serviço localizou, ao longe, por detrás de nós, um veículo que, a certa altura, desligou os faróis (Infração!...). Já muito perto de nós, esse veículo voltou a acendê-los e acabou por passar por nós. Era o carro da GNR!...
Finalmente chegámos à pousada. Tarde, tardíssimo, ou melhor, já quase “cedíssimo”. Quisemos entrar, batemos à porta, mas nada. Outra vez… nada. Acabámos por ser avisados pelo lado de dentro que a mãe da pousada se recusava a abrir-nos a porta àquela hora. Algum problema?... Sim, para mim era um problema: ali na rua, àquelas horas da noite, com 30, perdão!, 29 alunos à minha volta. Que mais havia de me acontecer naquela noite?
Os alunos esperavam que eu inventasse uma solução. Embora a outra “ocorrência” desta noite tivesse sido uma batata bem maior e bem quente nas mãos, esta batata agora não deixava de ser pesada e de queimar, também. Eu repetia para mim: “E agora, que vou fazer?...”

(Continua... Capítulo 6: Fechar a saga como se abriu: com uma infração... Isto é mesmo viciante!...)

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