Dia 2 de Julho de 2009.
Aproximava já eu o cursor do rato do botão Iniciar para desligar o computador quando me aparece a mensagem "podia repetir o k disse".
Pronto, não desliguei; e expliquei ao P. o que era preciso ser explicado. Pouco depois ele disse-me "Eu percebo, "stor", mas textos não é bem comigo, é mais com o J."
Senti que o diálogo do mail iria prolongar-se até horas pouco desejáveis para este tipo de comunicação entre professor e aluno, à custa do conveniente descanço. Mas havia qualquer coisa no que o P. dizia que me fazia manter a esperança de que ele não deixaria de fazer o que eu lhe estava a pedir. Na verdade, sentia-o disponível para o fazer.
O P. ainda está na expectativa do resultado final do exame de Português do 9.º ano, que pode determinar inapelavelmente a sua reprovação, ou, ao contrário, manter-lhe e esperança de transitar para o 10.º ano.
Mas era por aqui mesmo que eu queria entrar; e tinha de ser mesmo nesta altura. No mínimo, era como se eu quisesse dizer a um jovem com evidentes capacidades para ser um bom actor de teatro: "Tu sabes, tu tens jeito, tu tens boas capacidades. Só que não te saiste lá muito bem nesta peça. Não te preocupes, continua a trabalhar, corrige os erros, e vais melhorar a tua expressão pessoal." Caso o P. venha a reprovar a Português - possibilidade que ele, nesta altura, encara como muito real -, ele precisa de ficar seguro que falhou no trabalho, mas não nas capacidades.
Estávamos há cerca de meia hora no Messenger, e o P. diz-me esta coisa maravilhosa: "Posso fazer poemas em vez de textos".
Sorri e confiante no rumo que a coversa tinha acabado de tomar, ainda o "provoquei" com uma "deixa" de professor e falei-lhe na diferença entre textos em prosa e textos em verso.
Pouco depois, eu recebia, pelo Messenger, três quadras do P., que ele iria ler no jantar do dia seguinte aos seus colegas de turma, aos professores e aos encarregados de educação. Seria uma saudação especial e um professor muito especial, que os acompanhou sempre ao longo de um ciclo de três anos de estudos. Um professor que, como irá dizer o seu colega J., noutra saudação também muito bem conseguida, "ao contrário dos outros professores, que pedem respostas, pede perguntas".
E todos iráimos ver o P. satisfeito e confiante a ler a sua criação literária.
Mas a conversa no Messenger não se ficou por ali. Já estávamos trocando mensagens há mais de meia hora quando o P. me escreve assim: "Olhe este é para si" E logo depois eu fui brindado com uma quadra a mim dedicada.
Num daqueles fenómenos de condensação de acontecimentos e de períodos de tempo que a mente humana é prodigiosamente capaz, rememorei o que se passou entre mim e o P. nestas últimas três semanas de escola.
Valeu a pena?... Valeu, ó Poeta, ó se valeu!...
O marcador mostrava nesta altura 01:25:52.
- Stor, vou xonar
- Eu também, tens de escrever mais.
- Boa (S)
- Um abraço!
- Outro.
- Boa noite. Bons sonhos!
- Igualmente.
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