Ontem, aqui da Horta, no Faial, calhou ouvir parte da missa transmitida aos domingos pela RTP1, por sinal, a partir da igreja de Santa Beatriz da Silva, a igreja do meu bairro, em Chelas. Fixei a minha atenção especialmente porque era o padre João Caniço, que casou o meu irmão e alguns dos meus amigos mais chegados, que a celebrava.
Penso que a homilia não foi plenamente conseguida, num esforço – que aplaudo! – de ligação, adaptada aos tempos que correm, entre as descrições e “factualidades” bíblicas e as circunstâncias da vida actual. Mas, em geral, gostei.
A determinada altura do seu discurso, o padre João Caniço trouxe a história de um chinês (por isso eu pus mais atenção nas suas palavras), que vou reproduzir aqui, mais uma vez, com os meus pontos no conto.
Para começar, penso que não se trataria de um chinês, mas de alguém que visitava ou foi viver para a China; os chineses, tanto quanto sei, não têm o céu de que fala a história, só um cristão poderia ter sido o protagonista do relato.
Deixo, então assim aqui a história:
Uma vez um indivíduo foi à China, e por lá teve de ficar e viver até ao fim dos seus anos. Depressa ele reparou que todos os chineses eram muito magros. Percebeu a razão assim que teve de passar a comer como eles, com pauzinhos. Os pauzinhos, naquele lugar, eram muito compridos, é certo que apanhavam até a comida que estava mais longe, mas depois dificilmente conseguiam virar a ponta dos pauzinhos para si e levar à boca a comida que tinham à frente, distante. Eram, na verdade, demasiadamente compridos.
Quando morreu, o senhor, que era um bom homem, foi para o céu. Quando lá chegou, reparou que todos os que lá estavam também usavam os pauzinhos compridos para comer. Mas, ao contrário do que acontecia na Terra, as pessoas estavam todas bem alimentadas, gordinhas.
E resolveu falar disso a uma das pessoas com que se cruzou lá no céu, queria saber porque é que no céu era de uma maneira e na Terra era de outra. A outra pessoa disse-lhe que lhe explicaria a razão assim que a hora do almoço chegasse, que almoçariam juntos e que ele perceberia porquê.
Quando chegou a hora do almoço, ele reparou que as pessoas se juntavam duas a duas, viradas uma para a outra. Depois viu que apanhavam a comida nos pauzinhos e levavam-na à boca do companheiro que tinham à frente, e dele recebiam a comida para se alimentarem.
Pela minha parte, esta história, simples e clara, como devem ser as histórias que trazem à inteligência valores e afectos, valeu por toda a homilia.
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