sábado, 13 de julho de 2013

O Escorpião e o Mestre

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O Escorpião e (a Teimosia d)o Mestre 
Um mestre, lá no longínquo Oriente, um dia, enquanto caminhava à borda da água, viu um escorpião que estava lutando para não se afogar. O mestre decidiu tirá-lo da água, mas quando pegou nele, o escorpião ferrou-o. Na reacção reflexa à dor que sentiu, o mestre largou o escorpião da mão e o animal caiu de novo na água ficando outra vez em risco de se afogar. O mestre tentou tirá-lo novamente e novamente o animal o picou. Alguém que ali se chegara e estava observando aproximou-se do mestre e disse-lhe:
- Desculpe-me, mas você é teimoso! Não entende que todas as vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo?
O mestre respondeu:
- A natureza do escorpião é picar, e a minha é ajudar. Ele não mudará a dele, mas também não mudará a minha.
Então, o mestre olhou em volta, pegou numa folha larga que por ali encontrou e, com a ajuda da folha, tirou o escorpião da água e salvou-lhe a vida.
O escorpião foi-se dali logo embora para o meio da vegetação. O mestre seguiu-o com o olhar até que o animal desapareceu completamente por entre a vegetação. Olhou depois o sujeito que o interpelara e o observava agora em silêncio e com ar atónito. Levantou a mão que o escorpião picara duas vezes e fez um aceno franco e simpático ao sujeito que não deixava de o olhar.
- Passe um bom dia, amigo!...
E lá foi, continuando o seu caminho.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Votos para 2012: Jesus na sala de aula

Seguramente, a pequena troca epistolar que mantive com a diretora da minha escola, agora na ocasião do Natal, em que muito falámos de Menino's Jesus, foi a mais interessante de todas. Por isso, ela, melhor do que ninguém, perceberá a razão da ficção que agora aqui reproduzo.
Encontrei-a precisamente hoje de manhã, quando comecei a ler uma pequenina publicação que recebi na noite dos presentes de Natal. É uma edição das Edições Paulinas, os autores são Dom Itamar Vian e Frei Aldo Colombo. O título do pequeno livrinho: "Do jeito certo"
É do que podemos deduzir como lição da parábola que transcrevo a seguir, "Jesus na sala de aula", que eu formulo os meus votos e desejos para o ano de 2012: para além dos tradicionais "melhor que o que acaba", "saúde", "dinheiro" e coisas assim, desejo que os alunos das nossas escolas tenham professores empenhados em reconhecerm, nas suas turmas, o aluno Jesus; e que os nossos professores experimentem a alegria de encontrarem a presença de Jesus nas suas aulas.
Querida Zé, diz-me depois de leres esta história: tem ou não a ver com o que fomos conversando nestes natalícios dias?

JESUS NA SALA DE AULA

Ana Luísa sempre foi uma boa aluna e tirava as melhores notas da sala. Ela sonhava ser professora.
Cresceu e realizou seu sonho. A sua primeira experiência foi numa escola na periferia, com uma classe especial, formada por alunos repetentes.
Ela prometeu a si mesma que amaria intensamente aqueIas crianças que não eram amadas, e faria delas pessoas voltadas para o bem. Mas, aos poucos, a promessa ficava mais difícil de ser cumprida: Ana Luísa se decepcionava dia após dia. Os alunos eram rebeldes, desordeiros … enfim, impossíveis.Todos os dias inventavam algo para provocar a jovem professora.
A gota d’água foi quando eles encheram a sua mesa com um monte de figuras pornográficas. Chorando, Ana Luísa apresentou seu pedido de demissão, em caráter irrevogável.
A diretora da escola, uma mulher sábia e dedicada, argumentou:
- Mas como você vai fazer isto, se em sua sala está estudando o próprio Jesus!
- Como? – perguntou a jovem, incrédula.
E a diretora garantiu:
- Sim, é isso mesmo que você ouviu. Jesus está inscrito na sua sala de aula. Mas ele está incógnito. Não sabemos quem é.
A jovem mestra ouvia tudo, intrigada.
- Não posso lhe dizer mais nada. Mas lhe asseguro que não estou brincando. Ele é um de seus alunos, ressaltou a diretora.
Assim, Ana Luísa retornou à sala de aula, mas com outros olhos. “Quem será? “, se perguntava. Levantava hipóteses e suspeitas sobre qual de seus alunos poderia ser Jesus, que acabavam no mesmo dilema: “pode ser ou não”. Afinal, como saber, se Jesus não queria ser reconhecido?
Então, desde aquele momento, a professora passou a tratar cada um dos seus alunos com especial carinho e esmero, pois imaginava que Jesus poderia ser qualquer um deles.
E aos poucos, tudo foi mudando: os alunos começaram a se sentir respeitados e aprenderam a respeitar também.
A história que a diretora contou a Ana Luísa não foi inventada. Ela leu no próprio Evangelho: “Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; fui peregrino e me acolhestes; estive nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava preso e viestes ver-me”  (Mt 25,35-36).
Eis aí o vestibular para o paraíso. São João da Cruz tem duas sentenças magistrais sobre o julgamento de Deus, que podem ser usadas para ilustrar esta história: “Onde não há amor, plante amor e, um dia, colherá amor.E no anoitecer da vida, todos seremos julgados pelo amor”. Naturalmente a palavra amor tem muitos significados. Aqui, falo do amor responsável e exigente, do amor que tem sua origem em Deus.
Existe uma norma básica em todo processo educacional, que pode ser sintetizada em poucas – mas importantes – palavras: amor, firmeza e diálogo. E, se isto não funcionar, apele para o perdão. E depois recomece, com amor, firmeza e diálogo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

E.I.C.A. - "Colegas que fizeram parte das minhas oportunidades na escola."

Os professores, a seu tempo, também foram alunos. É o caso do professor Fernando Pinto. Naquele tempo, a regra era as turmas não serem mistas. Os recreios e as escadas de acesso às salas de aula também eram separados.
E.I.C.A. quer dizer Escola Industrial e Comercial de Abrantes.

Ano letivo 1967/68


Ano letivo 1969/70


Ano letivo 1972/73


sexta-feira, 22 de julho de 2011

O aviso e o sábio alento do padre António Vieira

O meu primo Aníbal Pinto de Castro, o primeiro livro que me ofereceu foi o "Bichos", de Miguel Torga, há cerca de 40 anos. Depois, muitos mais me ofereceu, e entre os autores todos, ajudou-me a ter um carinho muito especial pelo padre António Vieira, carinho esse que só tem crescido à medida que os anos passam.
Por isso foi com uma alegria muito grande que vi a formação da Natália e do Odlei, com a Associação Ubuntu, sob os auspícios do Instituto Padre António Vieira.
Ontem, cheguei à Horta, para cantar os parabéns à minha mãe, que completou uns lindos 83 anos.
Hoje, peguei num livro que comprei no ano passado na feira do Livro da Semana do Mar, aqui na cidade, sobre o padre António Vieira. Não pude encaixá-lo nas leituras dessas férias. Nas deste ano, dei-lhe prioridade.
Logo no prefácio encontrei escrito o seguinte, que reproduzo aqui em saudação muito especial ao dr. Rui Marques, e a todos os amigos açorianos:
Vieira também foi um incansável peregrino e padeceu terríveis percalços por mares e terras, o que só acrescentou valor à sua coragem. O pior naufrágio de Vieira aconteceu nos Açores, seguido de completa pilhagem de tudo: navio, carga, bagagens e até roupas da tripulação e dos passageiros: os corsários holandeses se locupletaram. Vieira e seus companheiros de viagem foram jogados na Ilha Graciosas, como Jonas em Níneve, assim relata a Bíblia e assim o lembra o pregador. No memorável Sermão que pregou nos Açores, Vieira mostrou que ninguém deve temer os riscos quando os objectivos são nobres: "Senhor, não vos dou graças por me livrardes do perigo, senão porque me meteste nele." Esta é a alma de um génio incansável, audacioso, destemido, generoso e até implacável, quando necessário. Esta é a alma dos vieirianos. (in Diário de Bordo, padre António Vieira, de António de Abreu Freire, pág. 2)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Inovação social, trabalho sério, sistemático e resistente na escola

Inovação social.
Inovação social, destaca o senhor Presidente da República. Acabo de ver no telejornal da RTP1 uma reportagem sobre a cerimónia de de receção pelo senhor Presidente da República aos jovens participantes no projeto educativo da Academia Ubuntu, precisamente no Dia de Nelson Mandela. Fico orgulhoso com o destaque dado aos testemunhos dos alunos da Eça. Sobretudo, além do valor que eles merecem que lhes seja reconhecido, penso que um reconhecimento deve também ser feito ao meu irmão Acúrcio Domingos e ao trabalho na área da Mediação que tem vindo a desenvolver na E.S.E.Q. (Lisboa), há muitos anos. Parabéns, mano! Parabéns ainda ao Instituto Padre António Vieira e ao dr. Rui Marques pela iniciativa! Beijinhos (mil e um), abraços (outros tantos) e votos de muitos sucessos e felicidade na vida para os alunos da Eça (a Natália e o Odelei), e ainda para os outros, que, seguramente, valem tanto quanto os nossos!...
Pode ver-se a reportagem aqui

domingo, 15 de maio de 2011

Schubert: Erlkönig (O Rei dos Álamos) - Que história!...

Calhou - em boa hora, diga-se de passagem! - ver e ouvir o programa do maestro António Vitorino de Almeida, na RTP2, há poucos minutos.
O maestro contou-nos mais uma história, verdadeira, para ser para nós mais um exemplo. Exemplo de uma vida a desenvolver-se, onde podemos ver a luta contra a pobreza, o valor dos pequenos nadas, a paixão pela arte, a força das convicções pessoais, o caminho duro da realização pessoal.
O protagonista da história é Franz Schubert, autor de uma preciosíssima Avé Maria, felizmente tão divulgada e tão conhecida.
O que eu não sabia...
  • era que Schubert é comummente criticado por criar obras demasiadamente longas...
  • era que Stravinsky confessou um dia que, por isso, adormecia sempre a meio da audição das obras de Schubert...
  • era que logo houve quem se aproveitasse a confissão de Stravinsky para censurar, mais uma vez, Schubert...
  • era que Stravinsky fez questão de esclarecer os seus interlocutores que sim, senhores, era verdade que adormecia a meio, mas que quando acordava percebia sempre que tinha estado a sonhar com o Paraíso...
  • era que Schubert tinha tal falta de recursos para frequentar a escola (que era uma escola pobre, também) que, quando escrevia à família, pedia, muitas vezes, que lhe mandassem... uma maçã!...
  • era que Schubert não tinha dinheiro para comprar folhas de música, por isso as fazia ele próprio, a partir do papel que tinha à mão...
  • era que, aos 14 anos (!!!), Schubert compôs uma pequena obra a partir das leituras de Goethe, autor que ele "devorava". A pequena obra foi "O Rei dos Álamos", ainda hoje considerada uma obra-prima no seu género.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"Despertar" de Ricardo de Sousa, Diogo Gil e Luís Candeias

Um trabalho que me dá uma satisfação muito especial.
E me dá muito orgulho.
Tenho o privilégio de conhecer algum do magma humano de onde saiu esta forma sublimada.