sábado, 7 de março de 2009

O rato, a vaca e o gato

Outro participante no I.º Encontro de Animação Socicultural foi o antigo professor da Escola, o dr. Hélder Santos, que, de manhã e de tarde, deu contribuições valiosíssimas para este Encontro.
Pouco antes de se ir embora, a pretexto de uma dinâmica que acabara de acontecer, deixou a seguinte história:

Um dia, uma vaca pastava calmamente no campo onde habitualmente o seu dono a deixava. A certa altura, a correr vindo lá do fundo, um rato aproximou-se dela, ofegante, e perguntou-lhe onde se poderia esconder. A vaca perguntou-lhe o que se passava, e ele respondeu-lhe que o gato vinha atrás dele e queria comê-lo.
A vaca parou de mastigar, olhoru para ele e disse-lhe:
- Espera, vou ajudar-te.
Nessa altura, o gato pode ser visto lá ao longe a correr na direcção da vaca.
O rato, aflito, perguntou à vaca:
- O que faço, vaca, como é que vais ajudar-me a esconder-me?...
A vaca, calmamente, disse-lhe:
- Olha, põe-te aí atrás de mim e fica quieto até eu te dizer alguma coisa.
O rato pôs-se atrás da vaca, agachado e quieto.
 Assim que ele assim ficou, a vaca fez força nos intestinos e largou uma bosta em cima do rato, que o cobriu completamente. Só a ponta da cauda do rato, esticada para cima, ficou à vista.
Quando o gato chegou ao pé da vaca, perguntou-lhe pelo rato. A vaca respondeu que não o tinha visto. O gato olhou em volta e viu a ponta da cauda da vaca a sair da bosta da vaca. Chegou-se a ele e abocanhou-o. Com a cauda bem presa na boca, sacudiu energicamente o rato para um e para o outro lado, até desaparecer completamente toda a porcaria que o cobria. Em seguida, comeu o rato.
MORAL DA HISTÓRIA:
Nem toda a gente que te mete na merda te quer mal; e nem toda a gente que te tira da merda te quer fazer bem.

Não vou falar de literatura saramaguiana...


Por iniciativa dos alunos do 12.º AS1 da Escola Secundária Eça de Queirós, teve lugar, no dia 5 passado, nas instalações da Escola o I.º Encontro de Animação Sociocultural.
Uma das contribuições para este Encontro foi da professora Ana Paula Ribeiro, directora de turma, que disse o seguinte:

Boa-tarde a todos os presentes

Sei que os meus meninos estão curiosos mas não, não vou falar de literatura saramaguiana, nem tão-pouco da vossa tão venerada gramática.

Foi-me gentilmente solicitado pelo senhor professor Acúrcio que fizesse uma breve intervenção neste Primeiro Encontro de Animação Sociocultural, embora não me tenha sido dado nenhum tema específico a propósito do qual eu pudesse meditar e discorrer. A liberdade total por vezes pode parecer assustadora…

A minha primeira reacção a tão atenciosa solicitação foi de franca animosidade. Atirei-lhe com um “não” de total e absoluta indisponibilidade para uma tarefa que, quando me foi proposta, há já umas semanas atrás, abracei e felicitei pelo seu pioneirismo.

Estamos a viver momentos difíceis, tempos de grandes mudanças; as solicitações sucedem-se, o trabalho jorra em catadupa, sobra-nos pouco tempo para olhar para nós e nenhum para olhar para os outros, para ouvir os outros, para sentir os outros.

Esse “não” irredutível deixou-me indisposta comigo mesma porque a minha atitude converteu-se num fechar de uma porta.

Depois de alguns minutos de vazio, tomei a decisão de dedicar este curto espaço de tempo, que me foi tão gentilmente destinado, àquilo que é uma das missões de qualquer actor de uma qualquer comunidade escolar, desde creches e jardins-de-infância até às escolas básicas e secundárias.

A vossa missão enquanto educadores sociais ou a nossa enquanto professores é precisamente a de abrir portas, de mostrar total disponibilidade para ouvir, sobretudo para ouvir os outros, os tais que nos rodeiam e que fazem com que o nosso minúsculo e insignificante mundo ganhe novos sentidos. Não podemos fechar as portas só porque isso facilita a nossa vida ou pelo menos não a dificulta.

Fala-se cada vez mais de desumanização global, de um mundo que perdeu o tino, de uma sociedade em vias de empedernimento. Nunca se impôs tarefa tão árdua ao ser humano: SER HUMANO! Ser sensível ao outro, criar pontes de afecto que nos ajudem a ultrapassar as barreiras que muitas vezes nos impomos, criar elos de ligação que facilitem a comunicação.

Aparentemente esta preocupação pode parecer nada ter a ver com este Primeiríssimo Encontro de jovens animadores, contudo, é precisamente a estes jovens que eu gostaria de delegar a responsabilidade que também eles irão ter na qualidade de educadores sociais. Respeitar a língua como veículo transmissor de saber e de saber ser. 

Tão ou mais importante do que saber ouvir, é saber comunicar as nossas ideias e os vossos sentimentos e afectos. Partindo do pressuposto que o receptor, o vosso público-alvo, as crianças com as quais vocês vão trabalhar, manifesta um interesse natural e espontâneo pelas múltiplas mensagem que vocês procurarão transmitir, a responsabilidade do (in)sucesso na compreensão das mesmas dever-se-á sempre ao emissor, a vocês. Para isso é de importância fulcral adequar a linguagem ao público-alvo, seduzi-lo, acorrentá-lo. Esse acto de sedução também passa pela arte de bem dizer e de bem escrever.

Espera-se de vós que cumpram a missão para a qual têm vindo a ser preparados e que saibam “ver, ouvir, pensar e sentir” ao longo desta pequena viagem que vão empreender nas próximas semanas.

terça-feira, 3 de março de 2009

As oportunidades, de onde vêm elas?...

Em regra, as oportunidades vêm de fora. Mas às vezes não é assim. De fora, elas não aparecem. Então... então, criam-se por dentro!

Recebi isto hoje, num e-mail:

Quand on vous parle de la capitale de la République Démocratique du Congo, à quoi pensez-vous ? Pauvreté extrême, malnutrition, surpopulation, infrastructures dans un état lamentable, désordre ? Sans doute, mais ne faites pas aux "Kinois" l'injustice de penser que l'inventaire s'arrête là ! Faites-leur plutôt l'hommage mérité de consacrer 5 minutes de votre temps à regarder le vidéo suivant:

Quando te falam da capital da República Democrática do Congo, em que é que pensas? Pobreza extrema, subnutrição, sobrepopulação, poucas e lamentáveis infra-estruturas, desordem? Sem dúvida, mas não cometas para com os Congoleses a injustiça de pensares que o inventário fica por aqui! Faz-lhes pelo menos a merecida homenagem de lhes consagrares 5 minutos do teu tempo a ver o vídeo seguinte:

Também ficas a ganhar…