terça-feira, 15 de julho de 2008

Os professores e tu, Aluno

A história do vaso chinês - benditas a mente humana, a dinâmica social e a cultural grupal que permitiram configurar uma história simbólica assim, cheia de significados -, que li há dias, veio-me de novo ao pensamento quando abri um e-mail que recebi ontem à noite, e que trazia um conjunto de provérbios, magnificamente enquadrados em belas fotografias. Veio-me ao pensamento fundamentalmente por causa de dois desses provérbios, que passo a transcrever:
  • Este primeiro, como tudo o que corre na Net - e também de boca em boca, tal como a história do vaso chinês - tem várias versões. A generalidade dos sites que o cita na Internet diz que é de origem chinesa. Deixo aqui duas versões. E, sem adiantar a minha opinião sobre uma e outra, convido todos a, depois de lerem uma e outra, tentarem perceber o que é que as pequenas diferenças entre uma e outra trazem ao pensamento. Talvez seja um exercício pessoal curioso:
    - Os professores abrem a porta, mas tens de entrar sozinho
    - Os professores abrem a porta, mas cada um tem de entrar por si próprio
  • O segundo provérbio, que será sueco, diz o seguinte:
    - Não deites fora o balde velho antes de teres a certeza de que o novo segura bem a água

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O vaso chinês... com defeito...

A história que transcrevo para aqui hoje tem muitas versões na troca de e-mails, que se tornou habitual, todos os dias, fazer-se na Net. Seja sob a forma de textos, apresentações de slides, ou mesmo vídeos.
As versões são quase tantas quantas os e-mails.
Na versão que aqui deixo, também acrescentei um ponto ao conto.
Parece-me que tem a ver com o lado romântico do trabalho da ajuda, do apoio social, que nos diz que um dia se é o vaso rachado; noutro dia, é-se o vaso íntegro; e, finalmente, alguma vez se será a velha senhora sábia . Pelo menos, é assim que, para já, proponho a leitura deste texto.


O VASO CHINÊS

Uma velha senhora chinesa possuía dois grandes vasos, que suspendia em cada extremidade de uma vara que ela carregava nas costas, todas as vezes que ia ao rio buscar água.
Um dos vasos estava rachado e deixava escapar alguma da água com que a velha senhora o enchia. O outro, não, o outro era perfeito; por isso chegava sempre cheio de água ao fim da longa caminhada do rio até casa, enquanto que o vaso rachado chegava já meio vazio.
Durante muito tempo foi assim, com a senhora chegando sempre a casa somente com um vaso e meio de água. Naturalmente, o vaso perfeito era muito orgulhoso do próprio resultado, enquanto o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só metade daquilo que deveria ser capaz de fazer.
Passaram-se dois anos assim nesta situação. Nessa altura, reflectindo sobre a própria amargura de ser rachado, o vaso desgostado da sua condição resolveu falar com a senhora durante o caminho para o rio: “- Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta fenda que eu tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até casa... Porque não me trocaste já por outro?...”
A velhinha sorriu, parou e pediu-lhe que olhasse o caminho que faziam todos os dias: “Repara que todo o caminho é seco e árido, cada vez mais, quanto mais subimos de volta para casa. Menos assim mesmo à nossa beira, mas só de um dos lados, que está cheio de lindas flores, que perfumam o ar e enchem de bem-estar, com as suas cores e os seus aromas, todas as pessoas que por aqui passam. Esse lado é o lado de que tu sobes e vais deixando cair a água que levas dentro. Eu sempre soube do teu defeito, mas poderia eu descontentar-me com o que tu fazias sem saber?... Todos os dias, enquanto voltamos para casa, tu regas todas estas lindas flores. Durante estes dois anos que passaram, eu pude também ir colhendo algumas destas belíssimas flores para enfeitar a mesa da sala. Se tu não fosses como és, como teria eu podido ter aquelas maravilhas em minha casa?... Cada um de nós tem o seu próprio defeito, tem o seu próprio feitio, a maneira de ver e de fazer as coisas."
O vaso rachado ouviu em silêncio, olhou as flores que subiam por ali acima e depois olhou para o outro vaso. O vaso íntegro olhava para ele e sorria, também. A velha senhora, que se tinha calado, compôs a vara em cima dos ombros e continuou o seu caminho.