Encontrei-a precisamente hoje de manhã, quando comecei a ler uma pequenina publicação que recebi na noite dos presentes de Natal. É uma edição das Edições Paulinas, os autores são Dom Itamar Vian e Frei Aldo Colombo. O título do pequeno livrinho: "Do jeito certo"
É do que podemos deduzir como lição da parábola que transcrevo a seguir, "Jesus na sala de aula", que eu formulo os meus votos e desejos para o ano de 2012: para além dos tradicionais "melhor que o que acaba", "saúde", "dinheiro" e coisas assim, desejo que os alunos das nossas escolas tenham professores empenhados em reconhecerm, nas suas turmas, o aluno Jesus; e que os nossos professores experimentem a alegria de encontrarem a presença de Jesus nas suas aulas.
Querida Zé, diz-me depois de leres esta história: tem ou não a ver com o que fomos conversando nestes natalícios dias?
JESUS NA SALA DE AULA
Cresceu e realizou seu sonho. A sua primeira experiência foi numa escola na periferia, com uma classe especial, formada por alunos repetentes.
Ela prometeu a si mesma que amaria intensamente aqueIas crianças que não eram amadas, e faria delas pessoas voltadas para o bem. Mas, aos poucos, a promessa ficava mais difícil de ser cumprida: Ana Luísa se decepcionava dia após dia. Os alunos eram rebeldes, desordeiros … enfim, impossíveis.Todos os dias inventavam algo para provocar a jovem professora.
A gota d’água foi quando eles encheram a sua mesa com um monte de figuras pornográficas. Chorando, Ana Luísa apresentou seu pedido de demissão, em caráter irrevogável.
A diretora da escola, uma mulher sábia e dedicada, argumentou:
- Mas como você vai fazer isto, se em sua sala está estudando o próprio Jesus!
- Como? – perguntou a jovem, incrédula.
E a diretora garantiu:
- Sim, é isso mesmo que você ouviu. Jesus está inscrito na sua sala de aula. Mas ele está incógnito. Não sabemos quem é.
A jovem mestra ouvia tudo, intrigada.
- Não posso lhe dizer mais nada. Mas lhe asseguro que não estou brincando. Ele é um de seus alunos, ressaltou a diretora.
Assim, Ana Luísa retornou à sala de aula, mas com outros olhos. “Quem será? “, se perguntava. Levantava hipóteses e suspeitas sobre qual de seus alunos poderia ser Jesus, que acabavam no mesmo dilema: “pode ser ou não”. Afinal, como saber, se Jesus não queria ser reconhecido?
Então, desde aquele momento, a professora passou a tratar cada um dos seus alunos com especial carinho e esmero, pois imaginava que Jesus poderia ser qualquer um deles.
E aos poucos, tudo foi mudando: os alunos começaram a se sentir respeitados e aprenderam a respeitar também.
A história que a diretora contou a Ana Luísa não foi inventada. Ela leu no próprio Evangelho: “Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; fui peregrino e me acolhestes; estive nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava preso e viestes ver-me” (Mt 25,35-36).
Eis aí o vestibular para o paraíso. São João da Cruz tem duas sentenças magistrais sobre o julgamento de Deus, que podem ser usadas para ilustrar esta história: “Onde não há amor, plante amor e, um dia, colherá amor.E no anoitecer da vida, todos seremos julgados pelo amor”. Naturalmente a palavra amor tem muitos significados. Aqui, falo do amor responsável e exigente, do amor que tem sua origem em Deus.
Existe uma norma básica em todo processo educacional, que pode ser sintetizada em poucas – mas importantes – palavras: amor, firmeza e diálogo. E, se isto não funcionar, apele para o perdão. E depois recomece, com amor, firmeza e diálogo.